Entendendo a Endometriose

Um dos principais diagnósticos não feitos em mulheres em idade fértil é a ENDOMETRIOSE, mesmo afetando cerca de 10% a 15% das mulheres que menstruam com idades entre 24 e 40 anos. Ter uma irmã ou mãe com endometriose, coloca você como público de risco para evoluir para esse problema. 

Mas o que é a ENDOMETRIOSE e quais sintomas ela apresenta:

A tríade principal de sintomas é a dismenorreia (cólica antes ou durante a menstruação), dispareunia (dor sentida a relação sexual ou outra atividade sexual que envolva penetração) e a infertilidade. Porém algumas mulheres podem apresentar sangramento menstrual intenso ou sangramento entre os períodos, desconforto nas evacuações e dor lombar que pode ocorrer a qualquer momento durante o seu ciclo menstrual.

Ao examinar, o médico precisa buscar um ou mais dos seguintes sinais:

Sensibilidade da área pélvica e / ou fundo de saco (útero);

Ovários aumentados ou sensíveis;

Útero inclinado para trás e sem mobilidade;

Estruturas pélvicas fixas;

Aderências.

O primeiro exame de suspeita é a ultrassonografia pélvica (vaginal ou abdominal). Seu principal achado é a detecção de endometrioma, porém, seu diagnóstico é muito melhor realizado pela ressonância magnética e confirmado pela laparoscopia ou visualização dos implantes endometriais pélvicos por cirurgia.

Entendendo a endometriose.

Durante um ciclo menstrual regular, seu corpo “descama” o revestimento do útero, e isso permite que o sangue menstrual flua do útero através da pequena abertura no colo do útero e para fora através da vagina.

A causa exata da endometriose não é conhecida, e existem várias teorias sobre isso, embora nenhuma teoria tenha sido cientificamente comprovada.

Uma das teorias mais antigas é a de que a endometriose ocorre devido a um processo chamado menstruação retrógrada. Isso acontece quando o sangue menstrual flui de volta pelas trompas para a cavidade pélvica, em vez de deixar seu corpo pela vagina.

Essas células endometriais deslocadas podem estar nas paredes pélvicas e nas superfícies dos órgãos pélvicos, como bexiga, ovários e reto. Eles continuam a crescer, engrossar e sangrar ao longo do seu ciclo menstrual em resposta aos hormônios do seu ciclo.

Também é possível que o sangue menstrual “vaze” para a cavidade pélvica através de uma cicatriz cirúrgica, como após uma cesariana.

Outra teorias são:

Células endometriais são transportadas para fora do útero através do sistema linfático. 

Sistema imunológico defeituoso que não está destruindo células endometriais errantes. Tem início no período fetal com tecido celular extraviado que começa a responder aos hormônios da puberdade (isso é frequentemente chamado de teoria Mulleriana). 

Porém já é de conhecimento da medicina que os principal fatores de risco para endometriose são ciclos menstruais mais curtos; maior duração do fluxo; falta de exercício desde tenra idade; dieta rica em gordura (principalmente trans); desequilíbrio de estrogênio; cabelo vermelho natural; história pessoal de vícios; disfunção imunológica; exposição pré-natal a estrogênios, xenoestrogênios, desreguladores endócrinos (bifenilos policlorados [PCBs], herbicidas, plásticos, detergentes, produtos de limpeza doméstica, invólucros de latas de alumínio) ou dioxina; alterações hepáticas do metabolismo dos estrogênios.

O tratamento da endometriose vai se basear em que tipo de médico você escolher. Se for um médico com maior visão alopática, serão usados medicamentos. Se a escolha for a visão funcional, hormônios bioidênticos, fitoterapicos, vitaminas e suplementos.

Na minha opinião, não existe certo ou errado, existe o que é melhor para cada mulher. Em nossa abordagem, conseguimos ajudar a maioria dos casos com o tratamento funcional, porém, não deixamos de usar medicamentos e/ou cirurgia quando julgamos necessário. O bom senso sempre deve imperar.

Compreensivelmente, você quer alívio rápido da dor e dos outros sintomas da endometriose. Essa condição pode ter impactos muito violentos em sua vida se não for tratada corretamente. 

Os principais objetivos do tratamento funcional são reduzir o fator inflamatório da doença, reduzindo assim a sua progressão e diminuído a resposta imunológica da doença.

Principais sugestões:

  • Reduzir alimentos inflamatórios e aumentar os alimentos antiinflamatório.
  • Aumentar a ingestão de frutas e vegetais ricos em fibras. 
  • Diminuir ômega-6 (produtos de animais terrestres domesticados). 
  • Aumentar ômega-3 (peixes selvagens, linhaça). 
  • Aumentar o consumo de alimentos contendo indol-3-carbinol (brócolis, couve de Bruxelas, repolho, couve-flor). 
  • Fitoestrógenos como as isoflavonas de soja e os lignanos da linhaça ajudam a aliviar os sintomas da endometriose.
  • Açafrão (curcumina); Sementes de Cardo-mariano(silimarina); Linhaça (ácidos graxos antiinflamatórios); Fucus (algas marinhas) absorvem toxinas.
  • Alho e cebolas (melhoram as resposta imunológica) 
  • Diminua o açúcar, cafeína, laticínios, carne vermelha, álcool.

Melhore a função hepática, melhorando assim destoxificação e o metabolismo dos estrogênios com as seguintes vitaminas:

Vitamina C, Vitamina D, Beta-caroteno, Vitamina E, Selênio e complexo B

Os melhores suplementos para o controle da endometriose são:

Colina, N-acetilcisteína, 

Ácido alfa lipóico, Pycnogenol (Pinus Pinaster), 

Indol 3-carbinol, Vitex Agnus-Castus,

Curcuma longa, Transresveratrol e Óleo de peixe.

Para dor, são usados antiinflamatórios como:

Ibuprofeno, Naproxeno e Ácido mefenâmico.

Na parte de Hormônios bioidênticos, as preferencias são para a progesterona em forma de creme transdérmico, óvulo vaginal ou oral.

E se for necessário o uso de medicamentos, em nossa opinião, o primeiro em questão de benefícios tanto de melhora a dor como de efeitos estéticos, seria a Gestrinona, que é conhecida no meio popular como Chip da beleza (apelidada assim pela famosa apresentadora Hebe Camargo, que era uma usuária em sua forma de implante – segundo relatos anedóticos).

A gestrinona é um esteróide sintético do grupo da 19-nor-testosterona comercializado na Europa, Austrália e América Latina, embora não nos Estados Unidos ou Canadá, e é usado principalmente no tratamento da endometriose. Possui propriedades androgênica (aumenta a testosterona livre), antiestrogênica (reduz o estrogênio), antiprogestogênica (reduz a progesterona) e antigonadotrópica (reduz as gonadotrofinas). 

Em nossa visão, os principais atrativos no uso da gestrinona, não estão em seu resultados esperados, que são a redução do sangramento, a redução das cólicas e a redução da TPM, mas sim no motivo que a fez ganhar a nomenclatura de Chip da beleza, que seriam os seus efeitos ditos colaterais, como o ganho de massa magra, a redução da massa gorda, o aumento do libido e da disposição. 

Porém, gostamos de frisar que mesmo sendo efeitos maravilhosos, são efeitos colaterais, nem todas terão e ainda algumas poderão cursar com outros efeitos como a queda de cabelo, oleosidade na pele, espinhas e aumento clitoliano. Tudo isso dependerá da dose e da resposta corporal ao medicamento.

A gestrinona pode ser usada por via vaginal, oral e implante subcutãneo, porem seu uso por via vaginal e oral, deve ser limitada a 6 meses de uso, evoluindo para o uso por via de implante, devido sua absorção mais controlada, gerar menos efeitos no perfil lipídico e no quadro de infecções ginecológicas de repetição.

Os outros tratamentos mais usados por médicos com visão alopática são:

Contraceptivos hormonais contínuos

Os contraceptivos hormonais diminuem a fertilidade, impedindo o crescimento mensal e o acúmulo de tecido endometrial. Pílulas anticoncepcionais, adesivos e anéis vaginais podem reduzir ou até eliminar a dor na endometriose menos grave.

A injeção de medroxiprogesterona (Depo-Provera) também é eficaz na interrupção da menstruação, reduz o crescimento de implantes endometriais, alivia a dor e outros sintomas. Esta não deve ser a primeira escolha devido ao risco de diminuição da produção óssea, ganho de peso e aumento da incidência de depressão em alguns casos.

Agonistas e antagonistas do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH)

As mulheres tomam o que são chamados de agonistas e antagonistas do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) para bloquear a produção de estrogênio que estimula os ovários. O estrogênio é o hormônio que é o principal responsável pelo desenvolvimento das características sexuais femininas. Bloquear a produção de estrogênio previne a menstruação e cria uma menopausa artificial.

A terapia com GnRH tem efeitos colaterais como secura vaginal e ondas de calor. Tomar pequenas doses de estrogênio e progesterona ao mesmo tempo pode ajudar a limitar ou prevenir esses sintomas.

Danazol é outro medicamento usado para interromper a menstruação e reduzir os sintomas. Enquanto estiver tomando danazol, a doença pode continuar a progredir, além disso ela pode provocar efeitos colaterais, incluindo acne e um crescimento anormal de pêlos no rosto e no corpo.

Cirurgia conservadora

A cirurgia conservadora é para mulheres que querem engravidar ou sentir dor intensa e para as quais os tratamentos hormonais não estão funcionando. O objetivo da cirurgia conservadora é remover ou destruir os crescimentos endometriais sem danificar os órgãos reprodutivos.

A laparoscopia, uma cirurgia minimamente invasiva, é usada para visualizar e diagnosticar endometriose. Também é usado para remover o tecido endometrial. Um cirurgião faz pequenas incisões no abdômen para remover cirurgicamente os crescimentos ou para queimá-los ou vaporizá-los. Os lasers são comumente usados atualmente como uma maneira de destruir esse tecido “fora do lugar”.

Cirurgia de último recurso (histerectomia)

Raramente, seu médico pode recomendar uma histerectomia total como último recurso se sua condição não melhorar com outros tratamentos.

Durante uma histerectomia um cirurgião remove o útero e o colo do útero. Eles também pode remover os ovários porque esses órgãos fazem estrogênio, e o estrogênio causa o crescimento do tecido endometrial. Além disso, o cirurgião remove lesões visíveis.

Uma histerectomia geralmente não é considerada cura para endometriose. Você não poderá engravidar após uma histerectomia. Obtenha uma segunda opinião antes de concordar com a cirurgia se estiver pensando em começar uma família.

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